quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Um post à Alta Definição

Desde nova te sentiste fascinada pela área que estudas? Como surgiu essa admiração?
Desde sempre soube que a minha vida não seria ligada à área das ciências. Não me fascinava de todo. Sabes o que é ires a visitas de estudo, onde fazias experiências e a única coisa que eu queria era sair dali, porque aquilo não me interessava para nada.
Eu sempre quis ser escritora. Enquanto que as outras crianças jogavam à bola e brincavam no escorrega, eu usava as minhas bonecas como personagens das minhas histórias. Estava nas aulas a sonhar em pé sobre o que iria acontecer e, quando não estava a brincar, escrevia e desenhava histórias.
Também usava a minha irmã como cobaia. Basicamente escrevia uma peça e depois iríamos apresentá-las, juntas, aos nossos pais.
Depois andei desde nova a ter aulas de música, mas o que a das pessoas não sabem é que andei 7 anos a te aulas, pois ajudava-me a resolver um problema de fala. Ainda o tenho, mas simplesmente aprendi a disfarçar.
A parte da Gestão veio mais com uma brincadeira, apesar de o que eu queria era licenciar-me em Economia e tirar mestrado em Gestão Bancária. Decidi isto no 8º ano e até agora é o que me interessa.
No entanto, a vida dá umas voltas e, apesar de ter média para entrar em basicamente em todo o lado no curso que eu queria, por culpa de um mísero exame, entrei em Gestão.

E ficaste a uns bons quilómetros de casa. Como foi a adaptação?
Boa, mas nada fácil. Se é difícil para um adulto recomeçar a vida noutra cidade, para uma rapariga de 17 anos, também não o é. Não conhecia nada nem ninguém. A primeira vez que fui visitar a cidade onde eu acabei por ficar, foi um mês antes de as colocações terem saído. Lembro-me que na minha primeira praxe andava assim um pouco nariz empinado, mas era porque estava mais ocupada a ver o sítio para onde me estavam a levar do que propriamente com paciência para fazer o que me estavam a pedir.

Como é que combates a solidão? Alguma vez choraste?
Por incrível que pareça anda sempre muito ocupada. Com aulas de manhã à noite não me resta muito tempo livre. O que me revolta é, por exemplo estar fora o dia todo e chegar a casa às 20 horas da noite e ainda estar a pensar em fazer o jantar, limpar a casa, ir às compras, pois não tenho quem me faça isso. Apesar de dividir a casa, cada uma tem a sua vida.
Depois vejo toda a gente sempre a queixar-se da mais pequena coisa e eu não. Aguento-me com aquilo que tenha, pois sei que ninguém era capaz de fazer por mim o que faço para os outros. As pessoas são muitos egoístas e isso revolta-me. Apesar de não ser muito sentimental e de me fazer de forte, chega um dia em que digo: CHEGA! e choro. No dia seguinte acordo como se nada tivesse acontecido.

Mas nunca deste a parte fraca?
Não. Sempre que mudava de ciclo, mudava de escola e de turma. No fundo já sabia que quando fosse para a universidade iria mudar de cidade. Por isso estava tranquila. E para quem não estava habituada a fazer muitas coisas em casa, até me tenho conseguido desenrascar. Há sempre aspetos positivos em tudo.

E como eras nas aulas?
Calma. Boa aluna e acima de tudo perfecionista. Não gostava de causar problemas, mas quando era necessário também dizia as verdades.

Alguma vez achaste que foram injustos contigo?
Sim. Muitas vezes. Em primeiro lugar detesto que me digam que estou mal ou errada sem me explicarem o porquê. Se eu tiro uma nota que acho injusta, gosto que me expliquem o porquê daquela nota. E há muitos professores que não querem saber dos alunos e trazem os seus problemas para a sala de aula e nós é que os temos de aturar. No meu ver, um bom profissional deixa os seus problemas à porta. Eu faço isso. Porque é que os outros não podem fazer também?
Mas houve um momento que me marcou. Era fim de ano e eu sabia que me tinha esforçado ao máximo para tirar bons resultados, mas houve duas colegas minhas que ficaram revoltadas pelos professores me irem dar uma nota mais alta. E depois começaram a fazer comparações ridículas. Basicamente só me queriam prejudicar, sem necessidade, pois eu só dou a minha opinião quando acho que o devo fazer e quando não é para prejudicar ninguém. Nunca lhes tinha feito mal nenhum, por isso, estes e outras cenas do género só nos fazem crescer.

E a nível de família?
Todas têm os seus problemas. A minha não é exceção. Mas pior é quando as crianças é que sofrem por causa das discussões dos adultos. Quando elas é que são as afetadas. Lá por a minha família não se dar, não quer dizer que num dia para o outro tenha que me afastar dela. Mas a verdade é que quer,

E sempre tiveste quem te apoiasse?
Se há coisa que raramente falo é da minha família, ou se falar é das pessoas com quem lido mais.
Depois, se há coisa que detesto é que se metam na minha vida. Então na praxe, por vezes, achavam que eram os nossos donos e gostavam de nos fazer perguntas e, quando era assim, ou ignorava-os ou mentia, se fosse necessário.

Tinhas medo que te julgassem de certa forma?
Não é bem isso. Quando é algo que não me orgulho, escondo. E não gosto que se metam na minha vida, de preferência se não for para ajudar. A maioria só gosta de saber coisas porque sim, não têm mais nada que fazer à vida. E quando se metem a dar conselhos sobre algo que mal sabem da história, prefiro que se mantenham calados.
Houve uma amiga minha que, uma vez, me proibiu de me encontrar com uma rapaz. A verdade é que ele era um idiota, e no fundo sabia isso, mas não queria acreditar. Precisámos de viver certas coisas para crescer. E graças a certas coisas que ele me fez, ajudou-me a crescer imenso.
Depois não gostava nada de um rapaz com quem andava e, quando se lembrava, mexia no meu telemóvel para ver as minhas conversas e depois proibia-me de falar com ele, pois achava que merecia melhor.
Por estas coisas é que não gosto que se intrometam na minha vida.

E acreditas no amor?
Nem por isso e cada dia que passa acredito cada vez menos. Simplesmente não tenho paciência para aquelas relações em que o homem se senta e espera que a mulher faça tudo. Ou naqueles que passam o dia a jogar e, quando se lembram, são capazes de ser os melhores namorados, só para que ela não se chateie.
Além disso, as pessoas quando estão apaixonadas perdem a razão. Por exemplo:
- Ohh quero um gelado!
- Não podes. Lembra-te que isso engorda muito.
- Mas o teu namorado está de dieta e comeu um.
- Mas ele esteve a semana toda a comer fruta!
- E eu também. E tenho bebido sempre água.
- 2L?
- Não, pois não consigo beber muitos líquidos num dia, mas já é muito bom não andar há um bom tempo a beber refrigerantes e tenho bebido cerca de 1L de água por dia.
- Mas o ideal é 2L!
Coisas do género. Lá por gostar de alguém não quer dizer que ele seja perfeito. E temos de parar de ver só os defeitos nos outros, quando quem está connosco faz igual ou pior.

O que dizem os teus olhos?
Para não desistir que ainda irei realizar os meus sonhos todos!






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